terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Dia Mundial do Hanseniano - 24 de janeiro

  
                                              

A origem da data

Em 24/01 é "Dia Mundial do Hanseniano". Este dia teve origem através dos esforços do Jornalista francês Raoul Follerreau, que motivou a Organização das Nações Unidas (ONU) a criar um dia para lembrar esta doença e "para que um dia esse dia não fosse mais necessário".

Na década de 50, Raoul Follerrau realizou um trabalho itinerante, visitando hospitais, asilos, locais onde eram isolados os chamados "leprosos", que são as vítimas da Doença de Hansen. Infelizmente faleceu antes de ver a doença com tratamento adequado e rápido.

O que é a hanseníase?

A hanseníase trata-se de uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae (conhecida como bacilo-de-hansen), que afeta nervos e pele.

O nome hanseníase é devido ao descobridor do microrganismo causador da doença Gerhard Hansen. É conhecida como "a doença mais antiga do mundo", afetando a humanidade há pelo menos 4000 anos e sendo os primeiros registros escritos conhecidos encontrados no Egito, datando de 1350 a.C. Ela é endêmica (específica de uma região) em certos países tropicais, em particular na Ásia.

No Brasil, a hanseníase ainda tem índices de ocorrência alarmantes, em média, 2,7 acometidos em 10 mil habitantes. Prova disso, é que a eliminação da doença é uma meta para as políticas de saúde pública no Brasil

Estimular o diagnóstico precoce 

A Hanseníase é uma doença contagiosa, que passa de uma pessoa doente, que não esteja em tratamento, para outra. Demora de 2 a 5 anos, em geral, para aparecerem os primeiros sintomas. O portador de hanseníase apresenta sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos que facilitam o diagnóstico.

Seus principais sintomas são: supressão da sensação térmica do local afetado (em decorrência do acometimento dos nervos). O doente não consegue identificar o frio e o calor; Diminuição da sensação de dor no local afetado; Na maioria dos casos em manchas de coloração mais clara que a pele ao redor, podendo ser discretamente vermelhada, com alteração de sensibilidade à temperatura, e, eventualmente, diminuição da sudorese sobre a mancha (anidrose).

Depois do estado inicial, a HANSENÍASE pode então permanecer estável (o que acontece na maior parte dos casos) ou pode evoluir para lepra tuberculóide ou lepromatosa, dependendo da predisposição genética particular de cada paciente.

Quando não tratada, a Hanseníase pode causar incapacidades ou deformidades.

Como e quem está sujeito a se contaminar?

Todas as pessoas. Crianças, jovens, adultos, idosos : a Hanseníase não escolhe idade, classe social. Desde que haja um contato prolongado com o bacilo, a pessoa contrai a bactéria. A contaminação se dá através de pacientes sem tratamento que eliminam os bacilos por secreções nasais, gotículas da fala, tosse e espirro.

É importante ressaltar que o paciente em tratamento regular ou que já recebeu alta não transmite.

Prevenção
A prevenção baseia-se no exame clínico precoce das lesões suspeitas e na aplicação da vacina BCG em todas as pessoas que compartilham o mesmo domicílio com o portador da doença.

Tratamento - Hanseníase tem cura

Atualmente, o tratamento se dá através da associação de alguns medicamentos (antibióticos). O tratamento pode ser feito nas redes públicas de saúde e é gratuito.

Muitos esforços são feitos pela Rede de saúde Pública, inclusive com campanhas na mídia - com o objetivo de realizar o diagnóstico precoce. No caso de pacientes com deformações, usa-se próteses e as incapacidades causadas pela hanseníase podem ter ajuda da fisioterapia.
O tempo de tratamento oscila entre 6 e 24 meses, de acordo com a gravidade da doença.
O dia mundial da hanseníase é fundamental para lembrar que a doença tem cura e que não é mais necessário isolar e temer os portadores da doença.

Francisco e o leproso
"Foi assim que o Senhor me concedeu a mim, Frei Francisco, iniciar uma vida de penitência: como estivesse em pecado, parecia-me deveras insuportável olhar para leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles e eu tive misericórdia com eles. E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo". São Francisco de Assis.
A presença solidária entre os pobres e leprosos está na essência do carisma franciscano. Francisco e Clara de Assis tinham uma predileção pelos leprosos e deles cuidava com inefável amor. O próprio Pai Seráfico superou o preconceito que tinha dos leprosos e assumiu a condição vivida por eles em sua época, sentindo o abandono, exclusão e sofrimento em que viviam e vendo no rosto daqueles enfermos e marginalizados a presença do Senhor.
A mística franciscana nos impulsiona a prosseguir a obra de São Francisco que teve sua conversão determinada pelo encontro com o leproso o qual acolheu com um abraço e um beijo. Esse gesto de Francisco simboliza o modo cristão e franciscano de ver, sentir e estar no mundo de uma nova maneira, pondo-se a serviço das pessoas em situação de vulnerabilidade e daqueles que ainda padecem com a hanseníase apesar do desenvolvimento da ciência e das práticas terapêuticas.
"Cuidando dos rejeitados do mundo Francisco começava a ascender à genuína nobreza que buscava, que seria descoberta não nas armas, ou em títulos e batalhas, glórias ou duelos. A honra não estava na companhia dos mais fortes, dos mais atraentes, dos mais bem vestidos ou mais garantidos na sociedade, mas entre os mais fracos, os mais desfigurados, os que estavam marginalizados, dependentes, desprezados (…). Ao dedicar-se ao cuidado dos leprosos, ele tinha ido para além do intelectual e chegara à experiência. No inimaginável sofrimento deles viu a agonia final do Cristo crucificado – o Cristo abandonado e rejeitado, solitário na morte, aparentemente impotente contra a triunfante maldade do mundo" (Francisco de Assis. O Santo Relutante, Donald Spoto, Objetiva, Rio de Janeiro, p.104).

                                                                                    Márcio Bernado, JUFRA/OFS
                                                                      Secretário Regional de Formação SE2 (RJ/ES)
 

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